O oeste de Santa Catarina está na mira de grandes investimentos. Entre o segundo semestre deste ano e o final 2012, o agronegócio da região vai somar R$ 420 milhões em obras. Isso, contando apenas os projetos de cinco empresas, que prometem gerar 2,5 mil empregos diretos.
Juntas, as obras ultrapassam em valor o projeto anunciado como o maior do Estado em 2011 – o investimento de US$ 200 milhões (cerca de R$ 370 milhões) da gigante do aço ArcelorMittal na unidade de São Francisco do Sul.
O presidente da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), Enori Barbieri, diz que o valor dos investimentos no Oeste está acima da média histórica da região.
– Santa Catarina vive um de seus melhores momentos no agronegócio.
Na análise do diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Carnes, Ricardo Gouvêa, o Brasil está se transformando no grande fornecedor mundial de proteína animal e SC se destaca nesse cenário. Ele lembra que a crise internacional de 2008 levou empresas a suspenderem investimentos. Agora, apesar de uma nova crise na Europa, os projetos são retomados.
– Vamos pôr o pé no acelerador – diz o presidente do Conselho de Administração da BRF, Luiz Furlan.
A retomada dos investimentos dos frigoríficos em SC tem muito a ver com o diferencial sanitário do Estado, o único no país com certificado de Zona Livre de Aftosa Sem Vacinação. Esse status pode começar a dar novos frutos ainda neste ano. Uma missão do Japão visitou o Estado no início do mês. Em outubro, será a vez do governo do Estado ir ao Japão, com a meta de assinar o sonhado acordo de fornecimento de carne.
Enori Barbieri explica que o Japão é referência na Ásia e na esteira do contrato viriam os mercados da Coreia do Sul e China. Ele diz que há disposição das empresas em fazer plantas só para atender o Japão e que isso traria uma nova onda de investimentos a SC.
Região produz 70% do leite catarinense
Outro fator para a atração de investimentos no Oeste Catarinense é o crescimento da bacia leiteira da região, que responde por 70% da atual produção do Estado.
De acordo com Enori Barbieri, o crescimento está próximo de 15% neste ano.
– Nosso custo é mais barato, pois temos mão de obra familiar, produção à pasto e chuva o ano inteiro – explica, lembrando que o setor está atraindo novos empreendimentos.
Um exemplo disso é o projeto do Laticínios Bela Vista, dono da marca Piracanjuba, que é de Goiás e investiu R$ 35 milhões na unidade de Maravilha (SC), inaugurada neste mês. A indústria tem capacidade de processamento para 450 mil litros por dia. A meta é chegar a 1,5 milhão de litros/dia até 2015.
– Escolhemos estrategicamente Santa Catarina, que hoje conta com uma produção de seis milhões de litros diários – afirma o diretor da empresa, Marcos Helou.
O presidente da Aurora Alimentos, Mário Lanznaster, lembra que as cooperativas e indústrias do setor estão investindo em programas de qualidade e melhoria genética.
– Vacas que produziam quatro litros por dia, hoje produzem oito e devem chegar a 12 litros por dia – compara.
Preço ao produtor também melhorou
Mário Lanznaster acredita que a produção de leite pode dobrar no prazo de cinco anos. O presidente da Aurora diz, ainda, que a entrada das cooperativas na industrialização ajudou a melhorar o preço, que há quatro anos estava entre R$ 0,50 e R$ 60 o litro e, atualmente, está em R$ 0,77, com alguns produtores ganhando até R$ 0,90 por litro.
Em julho, a Aurora Alimentos inaugurou a unidade de laticínio de Pinhalzinho (SC), com capacidade de processamento de 2,2 milhões de litros de leite por dia, incluindo uma torre de produção de leite em pó. O investimento foi de R$ 180 milhões.
O secretário de Agricultura de Santa Catarina, João Rodrigues, anuncia que nos próximos dias o governo do Estado vai lançar um programa de melhoria da qualidade genética do rebanho catarinense, com distribuição de embriões, para aumentar ainda mais a produtividade.
Fonte: Diário Catarinense
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